segunda-feira, 3 de outubro de 2016

RODRIGO: Mudar ou ficar? Ir ou não ir? Sim ou Não?

Olá meus caros!! Depois de alguns pedidos da Flavinha, eu resolvi atendê-la e escrever um post no blog :)

Porém, a abordagem vai ser um pouco diferente! Vou tentar dar uma visão mais ampla de como é o dia-a-dia na Polônia (Cracóvia), e também dar um pouco do meu ponto de vista da parte social daqui.

Lembrem-se que estou na Polônia a apenas alguns meses, então algumas das opiniões não são muito profundas e poderão mudar com o tempo. Então, NÃO LEVEM TUDO AO PÉ DA LETRA SEUS ARROMBADOS.

Vamos a pergunta que interessa: Vale a pena vir para Polônia?

A resposta fica num buraco bem mais embaixo, que vai depender da sua personalidade, força de vontade, bolas, crença e outras merdas. Como vários amigos meus já fizeram essa pergunta (o que é justo), nada melhor do que eu entrar nos detalhes aqui e deixar cada um decidir a resposta por conta própria, visualizem uma balancinha na cabeça de vocês e distribuam os pesos.

A realidade é que o Brasil enfrenta uma crise de bosta nos últimos dois anos. Não quero entrar em muitos detalhes políticos para não ter ter muito mimimi, então a maneira superficial que irei debater é INTENCIONAL. Pessoalmente, me decepciona muito um país do tamanho do nosso, ter uma moeda mais fraca que países com um terço da nossa economia. Me decepciona ver que países como Chile/Colômbia/Peru, que juntos não dão o Brasil, serem economicamentes mais estáveis. Não quero entrar nos porquês, só quero deixar claro que isso me decepciona, rs.

Preciso deixar claro também que a minha ideia de sair do Brasil se deu muito antes da crise. Então ela não tem nada a ver com a situação atual do país e muito menos somente pelo dinheiro. Então viadinho, se você está pensando em deixar o país primordialmente por grana, o primeiro conselho que te dou é: PENSE BEM SOBRE ISSO!

Apesar do Brasil ter uma moeda mais fraca que os países citados acima, acredite ou não, o Real ainda vale mais que o Zloty (moeda daqui). E não acho pouco não, o Real é em torno de 10% mais valioso. E confesso que estando aqui, eu não consigo entender porque. A economia da Polônia flui, existe DEFLAÇÃO aqui, produtos básicos de consumo são baratos, a desigualdade social é baixa e diversos outros fatores mais. Mesmo assim o real ainda vale mais. Curioso não?

Uma das perguntas que sempre faço: Por que a Polônia é considerada o país com a economia mais fraca da UE? Sendo que quando visitei os países ao lado, não vi muita diferença no estilo de vida das pessoas. Os dois motivos que normalmente me respondem são: Fator segunda guerra, que acabou com a economia do país e o fator conservadorismo do governo.

Esse é um dos motivos que vocês devem pensar se querem sair do Brasil. Acredite ou não, a política da Polônia é tão (ou mais) conservadora do que a do Brasil. É um país muito ligado a igreja, com muitas políticas doutrinadas em religião e assistencialismo ao povo. Assim como no Brasil, muita gente reclama disso, porém a maioria ainda segue essa realidade. Se você reclama das políticas brasileira, em curto prazo você vai sentir as mesmas frustrações na Polônia. Conversei com diversas pessoas entre 24 a 35 anos que mostram bem como existe essa divisão entre 'conservadorismo religioso e a laicidade do Estado'.

Mas em geral, se você é muito religioso, acredita que o Estado deve "respeitar" Deus, acredita na família como "bem maior" e o estado protecionista do povo (tomando muitas decisões por você), então você vai se adaptar rápido com a política daqui. E se você não acredita muito isso, eh uma das coisas que você vai precisar aceitar. Isso conecta no próximo ponto:

Se você tem um nível baixo de tolerância com opiniões contrárias as suas, nao saia do Brasil, isso é sério! Se você já enfrenta problemas com os amiguinhos que pensam diferente de você por aí, imagina você ter que engolir a seco a cultura/modo de viver de outras pessoas que nem falam a sua língua? Isso nao é fácil amigão. Se você não consegue evitar xingar o coleguinha que não pensa igual você, você vai sofrer aqui e muito. Sabe por quê? Porque apesar de ser um país extremamente conservador, a grande maioria das pessoas VIVEM MUITO BEM AQUI. Se você culpa o Estado pela merda que está o Brasil, você vai ver aqui que dá pra viver bem com um governo bem próximo ao que você tem hoje.

Eu já cansei de falar que o problema do Brasil é o Brasileiro. E isso não muda agora: Se temos políticas econômicas parecidas e valores de moedas parecidas, porque a Polônia destrói o Brasil em qualidade de vida? A diferença está no povo. E isso é outra coisa que você tem que pôr na balança.

Assim como a maioria do povo europeu, o Polonês em sua parte é FECHADA (Aqui pra quem é de Curitiba não será uma novidade). O ser fechado pode parecer ruim a primeira vista, porém isso leva a outros pontos. O Polonês respeita o individualismo do outro, respeitar o que é de bem público e compartilhado. O povo se respeita apesar das diferenças. O que eu quero dizer é o seguinte: Você não vai ver um Polonês tentando te humilhar só porque você pensa diferente dele. Isso muda muita coisa em relação aos relacionamentos entre pessoas aqui.

Então, fica claro que a "amizade" é bem seletiva e pouco por necessidade. Falo isso para caso você seja alguém que não consegue ficar 1 semana sem ver seus amigos, você precisa pensar que aqui você pode ficar meses sem sair com as mesmas pessoas. E pode levar um bom tempo até que você consiga formar amigos que vão te chamar sempre pra sair. Você precisa se aceitar sozinho antes de pôr seu pezinho pra fora do Brasil.

Você vai ver quando sair também, quem são seus amigos mesmos. Hoje eu me pego muito mais mandando mensagem só pra saber como meus brothers estão do que antes. Porém, eu já não falo mais com uma grande quantidade de pessoas que eu falava diariamente. Esteja preparado pra passar isso também :)

Outra coisa que difere muito a Polônia do Brasil, é o modo de vida das pessoas. O Brasileiro é um povo que se preocupa muito com a imagem, em "parecer ter" as coisas, mesmo que não consiga pagar. Você precisa manter o seu "STATUS", aqui isso PRATICAMENTE NÃO EXISTE. Pode parecer bobeira, mas só estando aqui você vai ver o quanto isso influencia na economia. A maioria das pessoas NÃO TEM CARTÃO DE CRÉDITO E NÃO PARCELA as compras. Isso foi um choque tremendo para mim no começo. Porque faz parte da natureza do Brasileiro parcelar as paradas em 10x. Aqui eles veem isso como "comprar sem ter dinheiro pra comprar". O que eles fazem no caso é: GUARDAR DINHEIRO ATÉ DAR PRA COMPRAR. No Brasil é praticamente impossível isso (me incluo nessa estatística), por diversos fatores. O mais claro pra mim é o tal do Carro. Quase ninguém troca de carro de 5 em 5 anos (No brasil tem gente que troca a cada 2). Eu já vi mais fiat 147 do que em Curitiba! O povo usa os bens até não dar mais mesmo (Minha mãe vai adorar ler isso). Felizmente, estou conseguindo me adaptar a essa realidade.

Aqui, você precisa guardar dinheiro. Não tem FGTS pra te salvar caso você seja demitido. Então se curte gastar sua grana de maneira ostensiva, terá que tomar cuidado aqui. Minha conta bancária nunca teve tanto dinheiro guardado, mesmo com os altos gastos iniciais de chegada, ainda sobra uma boa grana por mês. E a conta cresce um pouquinho todo mês, isso que a Flávia não está trabalhando ainda hein! Confesso que tem momento que eu ainda fico pensando em comprar algo só porque o dinheiro tá ali! Não é algo muito simples de mudar. No Brasil existe uma ansiedade coletiva em gastar dinheiro haha.

Já que entrei nesse assunto, vou falar como é conseguir dinheiro na Polônia. Esse relato é completamente baseado na minha experiência e na atual empresa que estou. Lembrem-se que as empresas são feitas de pessoas em geral polonesas, o que traz a cultura de vida deles pra dentro do trabalho. O principal é sempre respeitar o espaço do outro. Isso se aplica no ambiente de trabalho também. Aqui, é raro ver alguém cuidando do trabalho do outro. Micro gerenciando. Reclamando da maneira que você trabalha. Se você não está invadindo o espaço do outro, trabalhe e seja feliz. Aliás, ser feliz no trabalho parece ser algo muito importante por aqui. Pelo menos na atual empresa que estou, você se surpreenderia como ela está preocupada em manter você feliz FORA do trabalho. Além de respeitar completamente suas horas livres, há diversos outro incentivos da empresa para que você gaste o seu tempo livre fazendo coisas que você realmente gosta PATROCINADAS pela empresa.

Pelo menos nisso posso dizer que fui feliz em vir pra cá. A balança empregado-empregador é muito mais justa do que no Brasil. E o melhor, acontece naturalmente, ou pelo menos a empresa faz parecer assim. E felizmente você consegue acreditar nisso porque há  transparência entre empresa-empregado. No Brasil é muito comum empresas prestadoras de serviço esconderem informações de seus funcionários e apenas "ordenar" as coisas (Leve ps: Isso se dá a maneira patriarcal das empresas do brasil, onde em geral, elas se vêem como provedoras e não colaboradoras) sem abrir espaço para questionamento. Para vocês terem uma ideia da diferença para cá, em uma das reuniões que eu tive, mais da metade da equipe se revoltou apenas porque iria mudar a maneira de "Preencher as horas no sistema”. Como consequência a gerente gastou 40 minutos explicando para todos o porquê da mudança (inclusive dando razões vindas do cliente), só parou quando todos estavam satisfeitos com as respostas.

Toda essa transparência vem com uma respresponsabilidade agregada. A empresa ESPERA que você seja capaz de ser honesto, franco e independente (Falo isso por no Brasil é MUITO comum ver empresa mentindo pra empregado e vice-versa, honestidade e transparência não é algo muito comum em negócios brasileiros). Isso quer dizer que se você precisa de um chefe pra te acompanhar o tempo todo, não consegue se auto-gerenciar e ir atrás das coisas, você vai enfrentar uma certa dificuldade. O fator independência é bastante valorizado em qualquer situação. A maioria das pessoas que trabalhei de perto iriam se dar muito bem trabalhando aqui. Como as tarefas são muito bem divididas e balanceadas, você nao se sente sua energia sugada por trabalho. No fim, sua vida fica mais leve.

Quando falo sobre "vida mais leve", nao é só relacionada ao trabalho, é claro. A segurança e infraestrutura ajudam muito nisso. E facilmente esse é um peso a favor de vir da Polônia. Como não quero falar muito qual é a enorme diferença relacionada a isso, vou deixar só um exemplo: Uma vez, estava bebendo com uns colegas de trabalho por volta de 01:30 da manhã. Quando vimos uma menina de 25 (ou menos) anos, andando de bicicleta numa rua escura com roupa de verão, rs. Esse exemplo já consegue mostrar pra mim o quão segura ela se sentia nesse momento. Então é óbvio meus queridos: A Cracóvia é MUITO MAIS segura do que o Brasil, tão mais que nem vale a pena tentar discorrer muito sobre isso.

Finalizando, a única parte realmente complicada é a língua. Por dois principais motivos: O primeiro é que a língua É FODA PRA CARALHO de aprender, e o segundo é que não é muito "produtivo" aprendê-la. Só se fala polonês na Polônia, e se você não está certo que irá viver nela pro resto da vida, porque aprendê-la? Eu estou fazendo aulas e lentamente melhorando porque a empresa da 2 aulas de graça por semana. Porém, se eu precisasse ir atrás disso por fora, confesso que não iria. Apesar de muitos jovens falarem inglês, você ainda vai precisar do básico para fazer compras e ser "mais respeitado" pelos poloneses. Aprender o basico também demonstra que você se preocupa em tentar usar a língua do país que está te abrigando.

Como já escrevi demais, vou parar por aqui. Com certeza existem muitos outros fatores a se pensar a respeito de mudar de país, principalmente quando se fala em ir pra Polônia. Comecei com os principais (na minha opinião), porém, topo escrever sobre mais coisas se vocês viadinhos quiserem saber. Então lanço um desafio pra quem conseguiu ler até o final: Deixa um comentario ai sobre algo que você imagina que possa ser algo que faria você sair ou não do Brasil, que no próximo post eu vou respondendo.

Espero que tenham gostado :)

#paz

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Polônia a Dois no Oktoberfest 2016

Hoje o post vai ser uma volta no maior festival de cerveja do mundo - o tão sonhado Oktoberfest em Munique/Alemanha.



Essa experiência é bem fresquinha - estou escrevendo diretamente daqui enquanto espero o avião. Resolvi postar rápido pois ainda tem mais 1 semana de festa e minhas dicas podem ajudar os futuros aventureiros. Uma amiga esteve aqui semana passada e compartilhou sua experiência comigo que muito me ajudou.  Então, as minhas dicas também são dela. Valeu Steph!

Estou escrevendo também a pedido das meninas da SUMMER - Jode e Bruna. Vou abrir um parênteses para fazer uma propaganda. Elas largaram o trabalho na Mondelez em SP para perseguir um sonho. Elas são movidas a festivais de músicas e há alguns meses elas abriram uma empresa de viagens focadas em festivais pelo mundo. Elas personalizam tudo para você. https://www.facebook.com/summertravelparty/


De volta ao Oktober. Fase de planejamento.

1) A concorrência é grande e o preço é alto, então é melhor reservar tudo o quanto antes - pelo menos uns 40 dias de antecedência.
2) Para economizar decidimos ficar em Airbnb. Alugamos um quarto na casa de um casal alemão. Chegamos sexta bem cedinho e fomos embora domingo a noite. 3 noites - 75 Euros, o casal, por dia. Hostel perto da festa custa em média 80 Euros, por dia, por pessoa. Ou seja, além da experiência legal que tivemos, saímos no lucro $.
3) Optamos por ficar um pouco distante - 12 min de metrô. O que não foi nenhum problema pois metrô em Munique é impecável e a estação é praticante dentro da festa.
4) Encontre uma fantasia. 99% das pessoas estão fantasiadas.


5) Se vc for de galera (mais de seis) aconselho fortemente a entrar no site da festa e fazer reserva de mesa - com a mesma antecedência (o motivo será explicado em breve). E na altura do campeonato já não há disponibilidade.

Chegando em Munique

1) Se for precisar de metrô, no aeroporto já compre os tickets de transporte público para todos os dias.
2) Preço do ticket: 55 Euros para o casal, por 3 dias, para qualquer transporte público.

Dia de festa

1) 6 cervejarias participam do Oktoberfest e tem direito de ter tendas.




2) São 14 tendas, sendo 6 delas gigantes.




3) A localização da festa é em um parque de diversão com vários brinquedos legais - as tendas estão entre eles



4) Os trabalhos começam 9 am, a música (sempre alemã) as 11 am, e encerra as 11pm
5) Não paga para entrar nas tendas.
6)Não leve bolsa grande nem mochila. Não permitem entrar. Terá que pagar um guarda volume, com fila e fora da festa.
7) Cerveja somente de 1L - 10,50 Euros. Com a gorjeta - 11 Euros. - somente dinheiro. E se prepare, porque ela é forte!


8) Pratos deliciosos em torno de 20 Euros e existem barraquinhas com lanches mais em conta em todo o parque.
9) As garçonetes atendem somente quem está nas mesas. Pegou, pagou.
10) Chegue cedo. Se vc estiver de galera aconselho chegar até às 10, eh difícil encontrar mesa vazia para tantas pessoas. Casal é mais fácil, mas aconselho chegar até 12pm.

11)  Se puder, evite fim de semana. Sexta foi sensacional, mas Sábado estava muito cheio.
12) Sábado: até as 3pm pode passear, explorar e conhecer várias tendas - as mesas ficam disponíveis até as 4:30pm e é fácil encontrar lugar para sentar. Depois das 3pm não saia em hipótese alguma da tenda que você está. As 4pm eles não deixam ninguém entrar a não ser que tenha reseva - literalmente fecham as portas. Infelizmente eu e o Rodrigo passamos por isso e foi a nossa maior frustração. Tivemos que ir para o centro e encontrar uma cervejaria local para continuar a nossa festa.
13) Experimente o joelho de porco da Spaten.

14) Converse com as pessoas ao seu lado, o clima é sensacional e todos estão ali com o mesmo propósito - festar!

15) Se estiver na tenda e não tiver lugar para sentar é só pedir para quem estiver sentado pegar uma cerveja para você. Eles irão ajudar pois o objetivo é único: encher a cara.
16) Suba no banco, suba na mesa e cante! Aproveite a energia do lugar! É indescritível!



17) Nenhuma fila para banheiro. Bebendo esse tanto de cerveja - isso não tem preço!
18) Muitos turistas, mas 90% são alemães. Eh tradição mesmo, eles bebem mesmo, se divertem mesmo e não tem idade para isso. Vc vê recém nascido a senhora com andador.
19) Eu achava que bebia muito... descobri que bebo pouco.
20) Estou velha e dois dias já está de bom tamanho. Tiramos o domingo para turistar um pouco e a cidade inteira está em festa. Um clima muito legal. Visitamos um dos maiores parques urbanos do mundo - Englischer Garten. Maravilhoso! Vale a visita! ( PS: um lado do parque parece ser de nudismo pois haviam várias pessoas peladonas tomando sol).  E claro o centro histórico - Marienplatz.





Estamos indo embora já pensando em voltar ano que vem. Que tem vontade de vir, não pense duas vezes, vale cada euro. O que escrevi aqui não transmite nem 1/3 da energia que é estar nesse lugar. Mais um sonho realizado! :)

Só posso terminar esse texto, dizendo...

Prosit! (Saúde/ Cheers)


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A ARTE DE TURISTAR

A Polônia geralmente entra no roteiro das pessoas quando se tem a curiosidade de visitar Auschwitz (maior campo de concentração nazista a 1 hr e meia da Cracóvia). O motivo é Auschwitz, mas a surpresa de todos, é quão linda é a Cracóvia.


Como na maioria das cidades antigas da Europa o turismo se concentra na parte antiga da cidade - centro - Stare Miasto. Ele é rodeado por um lindo parque - Planty Park. Muito arborizado, vale a caminhada e um passeio bicicleta. A praça principal - Rynek Glowny - é super charmosa. 

   Mapa centro da cidade (Stare Miasto) contornado pelo Planty Park

      Planty Park - aproximadamente 5 km

Planty Park

 Praça Principal - Rynek Glowny

Praça Principal - noite

Como primeiro passeio, sugiro começar com o FREE TOUR - a pé - oferecido em diversas línguas (claro que de free não tem nada. Ao final do passeio você faz a sua contribuição. O quanto você achar que vale. O guia fecha os olhos e passa uma bolsinha, ou seja, não precisa ficar constrangido com a quantia). São 2hrs e meia de passeio que conta a história da Cracóvia. Os poloneses sofreram muito no passado - invasão nazista e comunista - devido principalmente, a sua localização estratégica no centro da Europa. Tem muitas histórias para contar e os guias as contam de forma bastante interativa. O tempo passa voando.
São dois tipos de tour: old Town (cidade antiga) e Jewish Quarter (quarteirão judeu). Eu participei só do Old Town. Confesso que tive bastante dificuldade de entender o inglês (sotaque bastante carregado), mas isso é sorte, pois existem vários guias. Vou fazer o Jewish Quarter em espanhol para vê se compreendo melhor. Conto para vocês depois.

Existem outros meios de transporte para conhecer a história da Cracóvia: carrinhos abertos, segways, micro ônibus. Claro que a escolha vai depender de quanto você quer gastar (negocie sempre - o choro sempre cola). O a pé é o mais barato, mas se quiser se divertir faça o segway - fizemos em Praga e foi simplesmente demais!

Empresa que fiz o tour - esse tipo de tour existe em várias cidades do leste europeu

Minha falta de sorte com um guia que eu não consegui entender muito =/

Aqui também tem castelo - Wavel Castle. Ele não é o mais bonito que já vi (o Castelo Alambra em Granada e o Castelo de Praga humilham), mas a localização dele é um deslumbre. Fica nas margens do rio Vístula (corta a Polônia inteira). A paisagem de dentro e de fora do castelo é linda!

                             
 Wavel Castle - vista de fora

 Wavel Castle - vista de fora

 Wavel Castle - vista de dentro


O turismo aqui é democrático (atende todos os gostos). Muitos museus, igrejas, templos. Para quem gosta as opções são infinitas devido à rica história da Polônia. A Flávia e o Rodrigo são mais do tipo turismo open air. Amo andar atoa na cidade e conhecer os lugares abertos. E isso também tem aos montes. Um passeio no rio também vale muito a pena. Caminhar,  alugar uma bike, passear de barco e até caiaque (25 zlt/hora por caiaque - preço super justo). É realmente demais. Os dias ensolarados têm ajudado muito nisso (quero ver como vai ser no inverno)!


Existem alguns lugares que não são turísticos e valem a visita. Fomos a uma antiga mina que inundou e é aberto para nadar - Zalew Zakrzowek. Água cristalina! Fomos duas vezes, primeiro no lado turístico, que paga 10 zloty. E a segunda do lado dos locais e para nossa grande surpresa, uma imundice. Eles não recolhem o lixo e como o acesso é difícil para limpeza, fica tudo entulhado, muitas vezes cai na água com o vento. Um completo chiqueiro. Fiquei horrorizada, não fazemos isso nas nossas cachoeiras (momento desabafo). Com certeza eu voltaria, mas já aprendemos - seremos turistas.

  
Zalew Zakrzowek - vista da mina de cima


Zalew Zakrzowek - lado turístico para nadar
                 
Zalew Zakrzowek - vista de baixo

Por último, a fábrica de Schindler (a verdadeira fábrica do filme a lista de Schindler). Meu passeio mais intenso até o momento (ainda não fui a Auschwitz). Meu pai e a Mariella (minha melhor amiga), sempre se interessaram muito pela história da segunda guerra e acabaram me contagiando e também a Isadora, minha melhor amiga judia, que me deixou durante anos de convivência mais sensível a esse tema. 
Fui esperando uma volta no tempo na época de operação dela, mas foi além isso. A visita (guiada por você) é uma imersão na invasão germânica na Polônia e a exterminação dos judeus. É um passeio de aproximadamente 3 hrs e custa 21zlt (se quiser economizar na segunda feira é de graça, mas a fila de espera é de 1 hr). Museu bem construído, interativo e forte.  Vários depoimentos de pessoas que viveram naquela época, com direito a uma sala de cinema e um documentário de 35 min. 
Vai além da minha compreensão pensar no que foi feito com tantas pessoas inocentes. Ao final do museu existe uma homenagem bem bonita a todos os judeus que trabalharam na fábrica e não sobreviveram.

 Placa na entrada da fábrica

Invasão germânica na Cracóvia

 Domínio nazista

 Simulação do campo de concentração

 Os poloneses foram impedidos de estudar 


Ainda faltam muitos lugares para visitar e explorar, mas espero que as fotos e meu depoimento tenham despertado a vontade de vir a Cracóvia (além da vontade de matar a saudade de mim né?). A cidade me surpreendeu e continua me surpreendendo. Estou adorando essa experiência polonesa - e ela só está começando.  

Espero vocês por aqui! ;)

Ótima semana a todos e um saudoso abraço!

Flavia



segunda-feira, 8 de agosto de 2016

20 DESCOBERTAS

Oi Pessoal!

Estou de volta para compartilhar mais histórias da nossa experiência polonesa. Dia 1º de Agosto completei um mês vivendo na Polônia, e dito isso, acho que já está na hora de listar algumas informações, curiosidades, fatos, observações sobre esse país.

1) A Polônia entrou para a União Europeia em 2004, mas não aderiu à zona do euro. Sua moeda chama zloty. 
1,00 R$ = 0,82 Zlt. 
Ou seja, no momento o real vale mais. 
(única informação by google. Os outros pontos serão mais específicos) 


nnota de 20,00 zlt
   
      moeda de 5,00 zlt


Mudando de água para vinho...

2) Alguns apartamentos (inclusive o nosso) são divididos assim:
1 banheiro com pia e vaso + 1 banheiro com chuveiro, pia, máquina de lavar (isso mesmo!).
Não da para fazer número 2 e logo em seguida entrar para o banho, tem que rolar uma baldeação).

1 banheiro com vaso e pia

1 banheiro com chuveiro, pia e máquina de lavar

3) Não usam máquina de secar e como não tem área, colocam um varal portátil na varanda (no meu prédio no Brasil isso dá multa).

4) Quem paga o valor do corretor (geralmente a quantia de 1 aluguel) é o inquilino (no Brasil é o proprietário), porém não existe mais nenhuma outra taxa mensal.

5) As TV’s privadas são via satélite, como a Sky. No Brasil a maioria é via cabo. As antena são instaladas na varanda, na janela, onde tiver espaço. (Antena + varal na sacada = poluição visual. Mas a verdade é: você quer ter uma fachada bonita ou a roupa seca e uma tv para diversão? Eles simplesmente não ligam).

 varandas com antena de TV  sem varal secando roupa, por enquanto

6) Existem vários parques espalhados pela cidade e eu vejo pouca gente correndo, andando de bike, yoga, funcional, etc...(para quem conhece o barigui em Curitiba sabe do que eu estou falando). Eles vão para acompanhar as crianças, passear com o dog, ficar atoa e, claro, fumar.

Parque a cinco minutos de casa. Sou a única estranha correndo, subindo escada e pulando corda.

7) Existem várias mesas de ping pong públicas – compramos raquetes e bolinhas e estamos nos divertindo (O Rodrigo agradece por ter uma esposa que joga bem)

mesa de ping pong do nosso prédio (Suzin e Rô, venham nos visitar!)

8) Muitos fumantes e podem fumar em ambiente semi fechado (saudades Brasil!).

9) Eles não usam o whatsapp como nós. Ocasionalmente usam sms, face, viber. Como eles se comunicam então? Eles ligam (chocante).

10) Eles tem o melhor aplicativo da vida, que se chama Jakdojade (??) – se pronuncia iakdoiage – ele te localiza pelo gps, você digita o endereço de destino e ele faz toda a rota via transporte público, inclusive o trecho a pé até o ponto e baldeação. Além disso, ele milagrosamente mostra todos os horários (atrasam no máximo de 2 min) e vai atualizando a sua rota. E a cereja do bolo: tudo em inglês. (esse item que foi o número 1 para a minha adaptação).


11) Existe um aplicativo que você compra passagem de transporte público e privado e já debita direto no seu cartão.






12) Perante a sociedade polonesa eu sou noiva (permanecerei assim).Por quê?  Eles usam a aliança de casado na mão direita.

13) É raro ver troca de carinho entre casais na rua, até mesmo andar de mãos dadas.

14) Carros podem estacionar em cima da calçada e em qualquer direção.


15) A jornada de trabalho são 8 horas e já está incluso horário de almoço (geralmente 40, 45 min). Se você chega 09:00, você sai 17:00. Além disso, é raro fazer hora extra, independente do cargo.

16) Os benefícios de vale refeição e vale transporte não fazem parte da cultura de trabalho polonesa

17) Você escolhe o banco para depósito do seu salário. No Brasil as empresas geralmente fazem parceria com algum banco e você precisa, no mínimo, ter uma conta salário.

18) As férias são 20 dias úteis por ano, no caso de expatriados são 26. A grande diferença é que você não precisa trabalhar 1 ano para tirar férias. Assim que você começa, a cada mês trabalhado você tem direito a 2 dias. Você pode optar por tirar ou acumular e tirar da forma que lhe convém. 

19) O exame periódico vale por 3 anos, sendo que, se você trocar de trabalho durante esses 3 anos, a próxima empresa pode optar em aproveitar os exames já realizados pela empresa anterior (se o tipo da atividade for a mesmo).

20) Para meus amigos que trabalham em indústria de alimentos: exame de fezes. Aqui é necessário 3 amostras de 3 dias consecutivos (segunda, terça e quarta). Sendo que você precisa levar cada amostra no seu respectivo dia ao laboratório. Perguntei a atendente caso eu não fosse "regulada", como eu deveria fazer. Ela só me respondeu: tente minha filha, pois caso contrário o exame não vai valer.

Claro que dizer que todos esses itens são uma verdade absoluta não seria correto, afinal, um mês em um lugar é praticamente férias né? O que eu quero dizer é, com o passar do tempo minha opinião pode mudar.

Outra informação importante. A percepção de alguns pontos é pessoal, isso significa que o Rodrigo não concorda com alguns. Rsrs

               Espero que tenham gostado.

                Abraços saudosos.

                Flávia

segunda-feira, 25 de julho de 2016

IT's ALL ABOUT PEOPLE (É tudo sobre as pessoas)

Dzień Dobry! 

(bom dia em polonês. Pronunciado dindobre, uma das poucas palavras que já aprendi a falar)

Começo esse post fazendo uma correção ortográfica do título do blog. Graças ao meu querido tio Darinho, que além de formação, tem uma vasta experiência em publicação de livros e textos (Obrigada Ti Darin). Então, oficialmente o nome do blog passa a ser Polônia a Dois, e não mais Polônia à Dois. Dizer que esse erro faz parte da minha dislexia seria mentira, o erro é simplesmente uma engenheira tentando ser escritora.

O post de hoje é sobre a primeira impressão, pois de acordo com o velho ditado, é a que fica. Geralmente as pessoas escrevem primeiro sobre o lugar (posso imaginar que vocês também estão curiosos para ouvir), mas estou optando por primeiro escrever sobre as pessoas. Isso tem uma importância muito grande para mim, pois por mais lindo que um país seja, ele só se torna encantador e agradável de viver quando esses adjetivos também fazem parte de seus habitantes. No caso da Polônia, isso ainda é mais fundamental devido ao idioma diferente. Não tínhamos muita ideia de como os poloneses seriam (conheci alguns muito legais na Austrália, mas intercambio é daquele jeito né), e confesso que tinha medo deles serem um pouco fechado e de difícil acesso para pedir ajuda. Mas, antes mesmo de chegar, tivemos as impressões possíveis. E por nossa sorte, depois que chegamos, continuo me surpreendendo quão querida são as pessoas por aqui.

A minha primeira surpresa foi ainda no Brasil, no dia do nosso casamento no civil (Rodrigo não aguenta mais me ouvir contando essa história. Mor, prometo ser a última vez). Por coincidência, no mesmo dia, chegaram pelo correio os documentos do visto. Tiramos aqueles vários papeis escritos em uma língua impossível de entender e no meio deles....um cartão. A empresa dele enviou um cartão, escrito a mão, pelo futuro chefe dele e as duas RH responsáveis pelo processo seletivo, desejando felicidades ao Rodrigo e a Flávia pelo casamento e outras gentis palavras que não me recordo em detalhes. Achei muito atencioso da parte deles e fiquei repetindo diversas vezes no ouvido do Rodrigo: “Nossa amor, que queridos! Tô impressionada! Nunca imaginei algo do tipo! Será que são todos tão atenciosos assim?”.

O segundo episódio também foi ainda no Brasil. No último post eu comentei que participei de 2 processos seletivos dentro da Mondelez e passei em uma delas certo? Isso significa que na outra a resposta foi NÃO. No dia seguinte que eu havia recebido o SIM, a gerente da vaga que me deu o NÃO, me chamou no lync (Messenger interno da Mondelez). Ela me mandou uma mensagem dizendo que estava muito feliz que eu estava indo para a Mondelez Polônia e que também ia ter a oportunidade de me conhecer mesmo não fazendo parte do time dela. Que ela sabia que eu estava participando de outro processo e que estava torcendo por mim. Outra surpresa. A expressão para o comportamento de ambas as situações, para mim, é atenção genuína. Porque nas duas situações não ia ter feito a menor diferença se eles não tivesse tido aquela atitude. Eles fizeram porque quiseram, e isso sim faz a diferença.

Felizmente o sentimento ainda é o mesmo após a nossa chegada à Polônia. Como comentei no início, por conta do idioma, necessitamos muito da ajuda das pessoas, e uma dose extra de sem vergonha e cara de pau. O celular é um item de extrema sobrevivência por aqui, pois o google translator e o google imagem já nos salvaram várias vezes. Mas sem alguém que queira genuinamente ajudar e se esforçar para nos entender ele se torna inútil. E essa ajuda se repetiu em todos os tipos de situações, no supermercado, no ponto de ônibus, no meio da rua, no restaurante, etc. E tem mais, a forma deles conversarem por mensagem, email, face é sempre recheada de carinhas felizes, emotions e palavras felizes. :)

Tem um atendente no supermercado que depois de algumas várias visitas (estou atoa, então adoro ir ao supermercado explorar), descobri que além dele falar inglês ele é extremamente gentil (Rodrigo está até com ciúmes da minha alegria quando eu vejo que ele está lá). Ele cuida da área de verduras, mas já rodou o supermercado me ajudando a encontrar itens impossíveis de traduzir pelo google.

Supermercado a 15 min de casa - pego meu carrinhos de compras e vou explorar

Área de verduras - me surpreendi com as variedade e qualidade

Teve outro episódio interessante que aconteceu com o Rodrigo durante a mudança para o nosso apê. Os corretores foram até o Airbnb que ele estava hospedado buscá-lo de carro e ajudá-lo com as bagagens. Totalmente inesperado e super legal!

Mas de todas as situações desde que cheguei aqui, a que mais me impressionou foi em Wroclaw (Breslávia) durante a minha viagem exploratória semana passada. Cheguei meio perdida e logo parei no ponto de bus. Havia um casal de jovens e me arrisquei no inglês. Sorte minha, eles falavam, com certa dificuldade, mas totalmente dispostos a me ajudar. No final das contas, nós não sabíamos se meu cartão de crédito ia passar na maquininha no buzão. Eis que o rapaz me tira do bolso um ticket extra que ele tinha, que ia durar por mais 24 hrs (o ticket aqui é por tempo). Os pais deles tinham comprado, mas não iam usar mais. Ele simplesmente me deu o ticket de graça. De boca aberta com a situação, agradeci milhares de vezes e continuei uma agradável conversa com os jovens estudantes até a minha parada.

Buzão da Polônia

 Trem (tram) - passa pela cidade toda e não pega trânsito

máquina de comprar ticket para o transporte público - paga pelo tempo e vale tanto para ônibus quanto para o trem

Não tem trocador. Vc precisa fazer o registro do dia e da hora nessa máquina que fica dentro do bus/tram. Se algum fiscal entrar, vc mostra esse ticket registrado.

Todas essas pessoas eu denomino de ANJOS. Quem gosta de se aventurar pelo mundo, sabe que quando a gente mais precisa, sempre aparece um desses disposto a ajudar, e que dependendo da situação, você fica com a sensação de que ele salvou a sua vida.

Moral da história: seja cara de pau e aborde as pessoas, elas podem te surpreender. Torço para que continuemos colecionando histórias positivas sobre as pessoas por aqui.


Prometo que o próximo post será menos profundo, mais prático e menor (talvez!). Vou trazer curiosidades sobre  Kraków (Cracóvia) e a vida nesse encantador país. 

Ótima semana a todos.